A Apple ofereceu o novo álbum dos U2 a todos os utilizadores do iTunes – e por ofereceu, entenda-se transferiu-o automaticamente, sem pedir licença nem dizer água vai. Mais: consta que é impossível apagar definitivamente as, decerto, tortuosas faixas que o compõem, visto que continuam a assombrar as iClouds dos utilizadores.
Em primeiro lugar, bem feita. Uma pessoa que pode escolher entre um aparelho que custa x e um aparelho semelhante, ou pior, que custa x vezes três, e que escolhe o segundo, merece apanhar com um álbum dos U2. Vá, se calhar estou a ser demasiado severo, talvez um álbum dos Killers fosse castigo suficiente. Mas enfim, assim de certeza que não repete a avaria.
Em segundo lugar, e isto é o mais preocupante, está claro que os U2 perderam todos os escrúpulos na sua demanda de evangelização – e, de facto, o império da maçã é o veículo mais indicado para a levar a cabo. Os U2 estão para a música, como a Apple para a tecnologia: são produtos iguais a tantos outros, mas sabem como ninguém espalhar-se por todo o lado. Passado uns tempos, toda a gente se sente obrigada a usar, e a pagar bem por isso.
Francamente. Se já era impossível ouvir rádio sem levar com os sacanas dos irlandeses (a sério, façam a experiência: liguem a rádio e pesquisem pelas várias frequências. Vão lá, eu espero... Ah ah, eu não disse?! E tiveram sorte que desta vez era só a "Sweetest Thing", que é das melhorzinhas), agora eles entram-nos pelos aparelhos adentro, violando-nos os ouvidos e o bom gosto.
Não me vou prolongar muito sobre este assunto, porque era fazer-lhes demasiada publicidade. Vou apenas enunciar (sob pena de estar aqui a dar ideias) alguns daqueles que são, penso eu, os próximos passos da cruzada de Bono, The Edge, aquele gajo que faz um bocado lembrar o Dolph Lundgren, e o outro que ninguém sabe quem é:
- Obrigar a Apple a mudar o toque de todos os utilizadores iPhone, para a "Beautiful Day";
- Obrigar a República da Irlanda a adoptar a "Pride (In The Name Of Love)" como hino nacional;
- Obrigar o Vaticano a substituir a benção Urbi et Orbi pela "One", e a reescrever a Bíblia, acrescentando o Evangelho de Bono;
- Substituir a banda sonora do E Tudo o Vento Levou por baladas da banda e destruir todos os originais;
- Por fim, a mais radical: substituir o esperma conservado nos bancos de todo o mundo pelo do dos membros da banda – tarefa hercúlea em que os U2 estão a trabalhar há mais de uma década.
Sem comentários:
Enviar um comentário